Esta semana, o programa “Fantástico”, da Rede Globo, apresentou uma
reportagem sobre "ensino domiciliar no Brasil", que consiste dos pais
instruírem as crianças e os adolescentes em casa, ao invés de mandá-los para a
escola. Essa modalidade de educação não encontra respaldo legal. Aqui, a
obrigação é de que eles matriculem seus filhos em um colégio. Caso não o façam,
respondem por abandono intelectual e correm o risco de perderem a guarda deles.
Mesmo que obtenham sucesso e atinjam objetivos superiores aos da instrução
formal, como os exemplos citados pela reportagem.
Apesar de causar estranheza, ensinar em casa não é novidade no mundo,
principalmente nos Estados Unidos. Lá, o fator financeiro parece ser o de maior
peso para essa opção, pois é mais barato. Como tudo, até já virou um filão de
negócio, com a venda de currículos e materiais didáticos. Argumenta-se, também,
que o ambiente escolar não é favorável, visto ser muito competitivo.
Penso ser esse um aspecto favorável, não o contrário. A escola, entre outras
funções, prepara o indivíduo para a vida, que é competitiva. Estamos sempre
disputando espaço com outras pessoas. E convivendo com elas.
Ao sair de casa para ir para o espaço escolar, expandimos as possibilidades
das crianças, não só de convivência com outras, mas de vivenciar e compartilhar
modos de vida diferentes, ideias e visões de mundo. Permitindo a ampliação de
vivências e percepções. Usando um termo que está na moda, de viverem a
diversidade.
Sem contar que a criança é inserida em regras mais gerais, que dizem respeito
ao país, onde mais que se sentir pertencente a uma família, sente-se parte de
uma nação – ela é cidadã e vive como tal.
Pensando o aspecto emocional, os pequenos passam a conviver com outros da
mesma faixa etária, compartilhando conflitos inerentes à própria idade. Um deles
diz respeito ao aprender em si. Não só de competitividade vive o ambiente
escolar, mas aprender num grupo onde a boa convivência é trabalhada, facilita a
criança a se arriscar, pois sente que será acolhida. Caso isso não ocorra (como
dizem: as crianças são cruéis), é o momento de aprender a superar a sensação de
fracasso e correr atrás do prejuízo. São os desafios da vida.
De todo modo, o ensino domiciliar ainda é uma novidade por aqui e não sabemos
direito onde vai dar. Como tudo que vai contra a maré, traz estranheza e pouca
aceitação. Por isso, para as famílias que optaram ou que pretendem aderir, há
muita luta pela frente.
Porém, que ninguém se iluda que é algo fácil: disciplina, preparo e
disponibilidade dos pais são aspectos necessários. E fiscalização, não dá para
ser uma terra de ninguém, em que se ensina de qualquer jeito ou qualquer coisa,
como acontece com as escolas. Há um mínimo de coisas a serem aprendidas,
inclusive para a convivência com os outros e para a entrada na universidade.
Se pensarmos como andam nossas escolas hoje, sejam as públicas, onde tudo
acontece menos o aprender acadêmico; sejam as particulares, que estão se
tornando cada vez mais inviáveis devido aos altos custos e aos seus projetos
estapafúrdios, não dá para criticar essas famílias.
Inclusive, uma delas relata ter conseguido com seus filhos o que deveria ser
o objetivo maior das escolas: tornarem seus alunos autodidatas, ou seja,
ensiná-los aprenderem a aprender.
Em 21/02/2013 por Ana Cassia Maturano
Em 21/02/2013 por Ana Cassia Maturano
Fonte: http://g1.globo.com/platb/dicas-para-pais-e-filhos/
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