Diagnóstico precoce é fundamental para o desenvolvimento do Autista
02/04/2013 15:00 - Portal Brasil
Lançamento da Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista marca o "Dia Mundial de Conscientização do Autismo", nesta terça-feira (02).
Uma "Cartilha" para orientar profissionais de saúde no diagnóstico da doença também foi lançada.
A Lei nº 12.764, que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA), foi publicada no final de 2012 e lançada nesta terça-feira (02/03).
Entre os destaques da Política está a participação da comunidade na formulação das políticas públicas voltadas para os autistas, além da implantação de centros de assistência, acompanhamento psicossocial e avaliação do atendimento na rede pública de saúde.
O lançamento da Política marca o "Dia Mundial de Conscientização do Autismo", comemorado nesta terça-feira (02/03/2013). A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2007 para esclarecer, informar e chamar a atenção da sociedade para as pessoas que têm a doença.
O documento determina que sejam reforçados, em todo País, os serviços de saúde que oferecem diagnóstico precoce da doença, incluindo o atendimento multiprofissional, a nutrição adequada, terapias e medicamentos.
A facilitação e estruturação do acesso à educação e ao ensino profissionalizante, à moradia, ao mercado de trabalho e à previdência e assistência social são outros pontos listados na Política.
Para cumprimento destas diretrizes, o poder público poderá firmar contratos e convênios com instituições especializadas. Em casos de comprovada necessidade, o autista que estuda em classes de ensino regular, terá direito a acompanhante especializado durante as atividades realizadas no ambiente escolar.
As medidas irão beneficiar, segundo o IBGE, cerca de dois milhões de autistas, que já gozam de outros direitos voltados às pessoas com deficiência.
Todas as ações estão alinhadas com o Plano Viver sem Limite, que somente no ano passado investiu R$ 891 milhões na saúde da pessoa com deficiência. Até 2014 a previsão é de que R$ 1,4 bilhão seja investido.
O autismo acomete mais os meninos do que as meninas.
Os sintomas podem aparecer nos primeiros meses de vida, mas dificilmente são identificados precocemente.
O mais comum é os sinais ficarem evidentes antes de a criança completar três anos.
De acordo com o quadro clínico, eles podem ser divididos em 3 grupos:
1) ausência completa de qualquer contato interpessoal, incapacidade de aprender a falar, incidência de movimentos estereotipados e repetitivos, deficiência mental;
2) o portador é voltado para si mesmo, não estabelece contato visual com as pessoas nem com o ambiente; consegue falar, mas não usa a fala como ferramenta de comunicação (chega a repetir frases inteiras fora do contexto) e tem comprometimento da compreensão;
3) domínio da linguagem, inteligência normal ou até superior, menor dificuldade de interação social que permite aos portadores levar vida próxima do normal.
Diagnóstico
A doença não tem cura, mas o trabalho de estimulação, o uso de medicação e a interação são maneiras de desenvolvimento do paciente, desde criança até a fase adulta. Entre os motivos mais comuns que levam os pais a buscarem ajuda médica estão o constante olhar fixo do bebê e a falta de interesse por outras crianças.
O tratamento e o diagnóstico errados fazem com que a criança seja pouco estimulada e perca a capacidade de se desenvolver. Vale lembrar que, embora haja dificuldade de interação, a fala e a inteligência permanecem estáveis.
O psiquiatra da Infância e da Adolescência, Marcelo Borges, explica que esta é uma doença que atinge principalmente a comunicação. “O autismo se caracteriza quando a pessoa tem muita dificuldade de socialização, de interagir com outras pessoas e fica muito isolada, em uma visão de mundo só dela. Hoje se sabe que é, basicamente, uma doença genética. Talvez influenciada por uma colaboração do ambiente onde ela vive, mas com base genética”, define o médico.
Orientação para o diagnóstico
O tratamento precoce da doença é importante para o desenvolvimento do paciente, por isso, o Ministério da Saúde também lançou nesta terça-feira (02/03/2013) uma cartilha que orienta profissionais de saúde no diagnóstico. “Com o diagnóstico precoce, até os 3 anos de idade, é mais fácil encaminhá-la para o atendimento adequado oferecido pelo Sistema Único de Saúde”, destaca o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
O Ministério irá disponibilizar para os profissionais instrumentos de uso livre (sem obrigatoriedade do pagamento de direitos autorais) para o rastreamento/triagem de indicadores de desenvolvimento que possam diagnosticar o Transtorno.
Tratamento
O grau de intensidade do transtorno é que irá definir o tratamento dos pacientes. Aqueles com menor intensidade deverão ser tratados nos Centros Especializados de Reabilitação (CER) do SUS.
Hoje existem no País 22 CER em construção, 23 em habilitação e 11 convênios de qualificação para que entidades que já funcionam, passem a funcionar como CER. Já os pacientes com uma intensidade maior do transtorno serão encaminhados para os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).
Os Centros oferecem serviços de atenção à saúde mental e estão instalados em mais de 1900 municípios, são abertos para a comunidade e oferecem atendimento diário gratuito com psiquiatria, fonoaudiólogo, terapia ocupacional, além de outros especialistas.
Como não existe tratamento padrão para a doença, os pacientes têm acompanhamento individual, de acordo com as necessidades e deficiências.
Os tratamentos são realizados por equipes multidisciplinares e vão desde terapia ocupacional e psicoterapia, até a medicação com antipsicóticos, nos casos de pacientes mais graves.
Como lidar com o autista?
Ter em casa uma pessoa com formas graves de autismo pode representar um fator de preocupação para toda a família. Por isso, todos os envolvidos precisam de atendimento e orientação especializados.
É fundamental que se estimule o autista com algum tipo de comunicação com o autista e, como o paciente têm dificuldade de lidar com mudanças, por menores que sejam, é importante manter algumas rotinas.
Histórico do TEA
O autismo, definido em 1943 pelo psiquiatra austríaco, Leo Kanner, é um transtorno que compromete a capacidade de comunicação e desenvolvimento de relações sociais do indivíduo, que passa a se comportar de modo compulsivo e ritualista.
É diferente de retardo mental ou da lesão cerebral, embora algumas crianças com autismo também tenham essas patologias.
Os especialistas ainda não sabem explicar a grave dificuldade de relacionamento desses indivíduos.
Plano Viver sem Limite
Em 2011 foi lançado o "Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência - Viver sem Limite" - com o objetivo de promover a cidadania, a autonomia e o fortalecimento da participação da pessoa com deficiência na sociedade, eliminando barreiras e permitindo o acesso aos bens e serviços disponíveis a toda a população.
Desde então, o País tem promovido diversas ações estratégicas em educação, saúde, inclusão social e acessibilidade.
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