Em estudo do Wise, especialistas dizem que habilidades sócio-emocionais vão ter importância maior que o conteúdo curricular
Em 16/10/14 // ESCOLA // ORGANIZAÇÃO SOCIAL
Nas escolas do futuro - de 2030, muitas coisas vão ser diferentes:
- a tecnologia vai estar mais presente, o ensino vai ser personalizado, abordagens híbridas de aprendizado vão ser mais exploradas, o foco vai sair do conteúdo curricular e as habilidades sócio-emocionais vão ocupar lugar fundamental na formação dos estudantes.
É o que mostra a pesquisa lançada esta semana pelo Word Summit for Education (Wise), da Fundação Catar, chamada de School in 2030 (Escolas em 2030, em livre tradução).
No total, foram ouvidos para o levantamento 645 especialistas, de todo o mundo, e 75% deles afirmaram que o conhecimento acadêmico não vai mais ser o mais valorizado na formação dos estudantes, mas sim, as competências pessoais, como a habilidade de interagir com os outros, de se comunicar, de tomar decisões e de gerir o tempo de forma eficaz.
A preocupação em preparar os estudantes para a vida, e não apenas para responderem testes, é uma discussão que está ganhando cada vez mais espaço no Brasil. Em março deste ano, o Instituto Ayrton Senna publicou uma pesquisa realizada com 25 mil alunos, que mostrou que ao desenvolver as competências socioemocionais, o desempenho dos estudantes melhora nos conteúdos cognitivos.
Por exemplo, um jovem mais resiliente e persistente tende a ir melhor em exatas, por não desistir logo no primeiro erro e ter o ímpeto de continuar tentando até acertar.
Para atender a essa tendência, em julho, a Capes lançou o Programa de Apoio à Formação de Profissionais no Campo das Competências Socioemocionais, que fomentará a produção acadêmica sobre habilidades não cognitivas e a formação de professores nessa área.
A ênfase nessas habilidades também ressoa no expectativa dos especialistas em relação às reformulações dos modelos de ensino. 83% deles acreditam que o currículo, em 2030, vai ser personalizado, respeitando os interesses e atendendo às necessidades individuais de cada estudante, tornando o aprendizado um processo mais colaborativo.
Instituições de ensino de diversos países já estão adotando modelos de ensino personalizado. Um exemplo de rede de escolas que tem um modelo voltado às necessidades de cada aluno é a High Tech High, localizada na Califórnia, nos Estados Unidos. Como o Porvir mostrou no especial sobre personalização, as 11 escolas da rede possuem quatro pilares pedagógicos: personalização, conexão com o mundo real, interesse comum em aprender e professor como designer do aprendizado.
Assim, o professor passa a assumir um papel de mentor, ajudando os alunos a descobrirem seus interesses, talentos e assim buscar autonomamente um aprendizado adequado às suas necessidades. De acordo com a pesquisa do Wise, 73% dos entrevistados disseram acreditar que o professor terá como função orientar os alunos ao longo de suas trajetórias de aprendizagem autônoma.
Essa nova postura do docente também apareceu no relatório do NMC (New Media Consortium), de junho deste ano, que apontou as seis principais tendências para a educação básica.
A justificativa é que com o crescente acesso à internet por parte dos alunos, o professor deixa de ser a primeira fonte de conhecimento e se torna ainda mais imprescindível no papel de orientação e mediação.
O educador passa a ter que ensinar os estudantes a aprender ao longo da vida, a relacionar conteúdos pedagógicos com o mundo real e os instiga a aprofundar suas pesquisas para além da internet.
Os 645 especialistas ouvidos para a pesquisa School in 2030, responderam a um questionário on-line, durante o mês de junho. Deles, 38% são do da área de educação, 32% de organizações sem fins lucrativos, 17% do setor público e 13% do setor privado.
Fonte: http://porvir.org/porpensar/pesquisa-mostra-como-serao-escolas-em-2030/20141016
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