quarta-feira, 9 de outubro de 2013

PESSOAS COM ALTAS HABILIDADES: Superdotados? Superdotação?

"O medo de ser DIFERENTE e a necessidade de ser NORMAL são tão grandes na nossa sociedade que acabamos tirando o direito que as Pessoas com Altas Habilidades/ Superdotação (PAH/SD) têm de terem uma identidade. "
Susana Perez




Com destaque na capa, a Revista PSICOSOL, em sua  2a. Edição,  nos traz uma execelente matéria sobre superdotados, com o tema  "PESSOAS COM ALTAS HABILIDADES Superdotados? Superdotação?", abordando com amplitude e clareza o tema.


Escrito pela especialista na área da Superdotação Dr.a Susana Graciela Pérez Barrera Pérez, que é a atual presidente do Conselho Brasileiro para Superdotação (CONBRaSD), membro do Conselho Técnico da Associação Gaúcha de Apoio às Altas Habilidades/Superdotação e delegada pelo Brasil perante Federación Iberoamericana del World Council for Gifted and Talented Children. É também, bacharel em Artes Plásticas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1992), Especialista em Educação Especial Área de Altas Habilidades pela Faculdade de Educação da UFRGS, Mestre e Doutora em Educação pela Faculdade de Educação da Pontifícia Universidade Católica do RS, a matéria transmite com detalhes sobre o atendimento das crianças e adultos superdotados.




Um trecho que achei muito interessante e que transcrevo, ela diz que: 


"...identificam seus filhos com AH/SD, acham melhor ocultar esse comportamento dizendo a seus filhos e inclusive à escola, que eles são “normais e que não têm nada de diferente” e chegando a pedir aos docentes que nada comentem. Os filhos dessas famílias sofrem porque não podem externar suas diferenças e porque podem pensar que há algo de errado com eles, já que precisam esconder seu comportamento que não é “normal”. Já ouvi chamar as altas habilidades/superdotação de “essa coisa que eu tenho”, “isso”, “o problema dele/dela” e, consequentemente, da necessidade de se obter um “diagnóstico” ou um “laudo” para essas crianças. Isso reflete uma forte associação com um transtorno ou perturbação da saúde e a necessidade de “tratamento” é uma consequência lógica. Infelizmente, a escola é uma grande propagadora desse grande erro, quando – desconfiando que uma criança possa ter AH/SD – a encaminha para a área da saúde ou pede que a família consiga um diagnóstico ou um laudo para garantir-lhe o atendimento educacional especializado que é um direito subjetivo desta criança. Por outro lado, alguns (maus) profissionais da saúde aproveitam e reforçam esses equívocos que vêm da época em que a educação especial tinha como objetivo a medicalização, fazendo avaliações de inteligência com instrumentos padronizados e fornecendo um “laudo” de superdotação. Infelizmente, são quase inexistentes os psicólogos, psiquiatras, neurologistas ou pediatras que receberam formação para identificar as AH/SD nos seus cursos de graduação ou pós-graduação, além de a avaliação de “inteligência” com instrumentos padronizados ser insuficiente para identificar uma pessoa com AH/SD. Por outro lado, não existe um “tratamento” para as Altas Habilidades/Superdotação, porque não se trata de uma doença ou de um distúrbio e o “atendimento” que pode ser oferecido não é uma ou várias “consultas” ou
“sessões” com um desses profissionais, a menos que essa pessoa necessite, por outras razões, de um atendimento ou acompanhamento psicológico ou neurológico. Outra questão importante que deve ser salientada é a confusão que costuma acontecer entre AH/SD e os sintomas de alguns transtornos psicológicos ou neurológicos, como o Transtorno de Déficit de Atenção, Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), transtorno bipolar, Transtorno de Asperger e que não raramente terminam com a medicação desnecessária de pessoas com AH/SD. Em geral, as pessoas não compreendem que uma pessoa com AH/SD não é nem melhor nem pior que as demais; não é doente e não precisa ser curada; é apenas diferente. Mas, diferente como, por quê? Diferente na forma de pensar, agir e sentir perante diferentes situações, mas não em todas nem em tudo o que faz. A pessoa com AH/SD apresenta uma habilidade acima da média (em uma ou mais áreas, não em todas), um nível de comprometimento com a tarefa diferenciado nessa área na qual apresenta habilidade acima da média e uma criatividade também destacada na mesma área. Isso acontece quando essa pessoa teve oportunidades de desenvolver esses três conjuntos de traços. Às vezes, quando essas oportunidades não foram oferecidas, as Altas Habilidades/Superdotação ficam em letargo, à espera dessas oportunidades e podem se evidenciar somente na vida adulta quando um evento casual, a leitura de um artigo como este ou a descoberta de um filho ou filha com AH/SD revoluciona sua vida; a faz refletir sobre sua própria história e dar-se conta de que, geralmente, a fruta não cai muito longe da árvore. Como são pessoas que apresentam uma sensibilidade diferenciada aos problemas sociais e aos outros, muitas vezes, têm uma percepção mais aprofundada de um determinado problema e podem ter reações completamente diferentes das demais pessoas, serem intolerantes ou muito exigentes e críticos, especialmente consigo
mesmos. Não raramente as veremos trabalhando em atividades de voluntariado ou em projetos que tenham uma finalidade social. O perfeccionismo é uma característica bastante presente nas PAH/SD e, em certas ocasiões, pode chegar a ser tão intenso que pode levar à paralisação: o nível de exigência é tão grande que ele impede que a pessoa fique satisfeita com o seu trabalho e, em consequência, que coloque um ponto final nele.


Leiam a matéria na íntegra acessando a Revista no link abaixo:




 Termino com um texto que diz o seguinte:

"Como seus conhecimentos sobre um determinado tema podem ser extremamente

aprofundados e seus interesses muito diferentes aos dos seus pares, é difícil que

encontrem parceiros para suas conversas na sua mesma faixa etária e acabam

preferindo relacionar-se com pessoas mais velhas (que dominam os assuntos do

seu interesse) ou muito mais novas do que elas (que não discriminam alguém que

entende muito sobre um assunto) e sendo mais seletivos nas suas amizades. Em

um mundo em que as amizades de uma pessoa são contabilizadas pelo número de

amigos adicionados no Facebook (que, paradoxalmente foi criado por uma pessoa

com AH/SD), essa seletividade chega a ser considerada uma busca de isolamento e

a as pessoas com AH/SD acabam sendo rotuladas de pessoas isoladas e egoístas."



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