segunda-feira, 15 de julho de 2013

EDUCADOR FÍSICO E A PSICOMOTRICIDADE



A psicomotricidade
é uma grande aliada para auxiliar
o desenvolvimento
social, emocional e motor
 dos alunos.


Técnica auxilia saúde cognitiva, emocional e motora e ainda previne bullying.


Com um olhar mais apurado e sensível sobre seus alunos, o Educador Físico, profissional de educação física com especialização em psicomotricidade é um dos grandes aliado do desenvolvimento motor, sócio-afetivo e cognitivo dos educandos.


“Dentro da escola, a Psicomotricista ajuda a desenvolver o aluno, por conseguir observá-la como um todo dentro das aulas, priorizando atividades que trabalhem os aspectos psicomotores por meio de jogos e brincadeiras. Não é só jogar bola, ou praticar outro esporte: é buscar a compreensão do corpo, da relação com o grupo, a compreensão das regras, o trabalho da coordenação e da lateralidade, o toque, o prazer. Conseguimos ajudar muito as crianças que têm dificuldades de concentração e dislexia, por exemplo, com as técnicas da psicomotricidade.”
explica Renata Rodrigues, profissional de Educação Física especialista em Psicomotricidade e gestora da Cia Athletica do Rio de Janeiro (RJ).


Psicomotricidade e afetividade


A vida moderna é bastante contraditória. 


Renata lembra que vivemos em um mundo globalizado no qual estamos sempre conectados a alguém, mas, ao mesmo tempo, afastados, menos presentes. “Estamos muito perto e cada vez mais longe”, diz. 

“Além disso, as ferramentas modernas colaboram para facilitar o dia a dia, mas também para ajudar a manter as pessoas cada vez mais sentadas, paradas e sedentárias”.


Para auxiliar nos relacionamentos interpessoais e no desenvolvimento sócio-afetivo, a Psicomotricidade surge como ferramenta ideal, já que a criança aprende que pode – e deve – brincar com o colega, mas que ele também apresenta limites que devem ser respeitados: “lidamos com a individualidade, o conceito de ganhar e perder e as variadas opiniões na hora de construir as brincadeiras”, conta Renata, que trabalha também em uma escola municipal.


Os ensinamentos são levados para a vida e podem ser trabalhados em qualquer ambiente.

“O brincar espontâneo, que promove o criar, a fantasia, o ensaio de ser adulto é essencial. Os momentos de criatividade são muito importantes para o desenvolvimento infantil. Quando dizemos que brincar de casinha é bobo, estamos esquecendo que este é um ensaio de um dos papéis que aquela criança vai desempenhar quando adulta.”

 Orienta a pedagoga e profissional de Educação Física especializada em Psicomotricidade Cacilda Gonçalves Velasco, da capital paulista.


Se na escola há a postura da educação – da lousa, carteira, ficar sentadinha e escutar o adulto -, a Psicomotricista consegue explorar outras características, como o compartilhamento do espaço, a exploração da quadra, o trabalho da socialização e da solidariedade.


“As posturas educacionais estão sendo revistas e minha visão pessimista da educação está mudando porque
 a escola tem se aberto a essa volta às origens. 

A criança não pode ser quietinha, ela tem que ser indagadora, perguntar e explorar
 o tempo todo”,
  diz Cacilda.




Psicomotricidade e integração


Alunos que podem ser um problema para muitos professores podem descobrir no Psicomotricista um poderoso cúmplice que vai ajudá-lo a superar as dificuldades.

“Uma criança que é muito agressiva, por exemplo, tem muita energia contida e poucas chances de extravasar. É justamente com a ajuda de um profissional de Psicomotricidade que ela consegue gastar essa energia e melhorar, dessa forma, não apenas seu aprendizado, mas também a sua socialização com outras crianças.”

Lembra Renata, que afirma que o educador físico é um dos profissionais mais habilitados a trabalhar com essa especialização, uma vez que sua ferramenta de trabalho é o corpo e ele já tem essa compreensão do todo individual.


Psicomotricidade e Bullying

Outro trabalho fundamental do Psicomotricista dentro de escolas e academias é na integração de alunos com necessidades especiais e na prevenção do bullying.

“As crianças são muito puras e falam o que lhes vêm na mente.
 Eu trabalharia muito mais com a criança que recebe o bullying do que com aquela que pratica, que muitas vezes verbaliza de forma espontânea e inocente, enquanto que a que recebe as palavras, o faz com rancor e resistência. 
Se ela não sabe ser criticada e se fecha por conta daquilo, tem baixa estima e amor-próprio, carência afetiva, 
não vai ser um adulto preparado pra vida. 
Não somos vencedores.
 Somos mais perdedores na vida, já que sempre vamos encontrar muito mais gente que diz não do que sim
 e acho que podemos ajudar muito crianças e adolescentes
 a praticar a paciência.”
Opina Cacilda.


Para Renata, o papel do professor e Psicomotricista é também identificar o bullying e explorar o diálogo e as diferenças de forma positiva e com muita criatividade. 

“Às vezes aquela criança que é criticada tem 
habilidades especiais na quadra: 
corre muito bem, é ótima em arremessos etc e, 
ao integrá-la nas atividades físicas, 
conseguimos fazer com que os outros alunos passem a respeitá-la e admirá-la por causa desse sucesso.” 
Lembra Renata.


Já os alunos com necessidades especiais podem ser integrados com a ajuda do Psicomotricista

Segundo Renata, esse profissional sabe quando e como colocá-las nas situações de forma a somar no grupo. Se as limitações forem físicas, o aluno pode participar da arbitragem ou ser um elo no jogo:

“Se ele for cadeirante, podemos adaptar as regras do jogo fazendo com que aquele aluno seja fundamental na partida, como se para fazer um ponto, obrigatoriamente os times tivessem que passar a bola pra ele, para que o aluno se sinta ativo e participe do jogo como todos os outros.”
Descreve.


Com sensibilidade e criatividade, os tímidos, os que têm deficiências cognitivas ou físicas não ficam de fora e, com isso, melhoram o amor-próprio e a vida social.

“Os pais também percebem que aquela criança consegue superar desafios.” 
 Diz Renata, que trabalha com Psicomotricidade há 20 anos.




Psicomotricidade aquática

Psicomotricista aquática, com trabalho na piscina para reabilitação, Cacilda conta que o meio líquido possibilita percepções distintas. “No desenvolvimento cognitivo, se preconiza que o conhecimento nasce da associação de sinapses cerebrais e estímulos recebidos. Hoje em dia esses estímulos são muitos e vêm de todos os lados, em especiais de forma intelectiva, como o computador e a televisão. Na Psicomotricidade acreditamos que o conhecimento está mais ligado ao corpo e você só aprende bem aquilo que o corpo vive. Só memoriza se passar pelo corpo. Assim, é mais fácil para uma criança aprender a escrever se puder explorar o corpo antes de colocar simplesmente a caneta na mão. Ao trabalhar um ambiente diferente, esse corpo se envolve e o conhecimento é mais enriquecido. Por isso a mudança do meio terrestre para o líquido acaba sendo enriquecedor também neste aspecto”, afirma.
Segundo a pedagoga, no meio líquido deixamos de ter o mesmo peso e ficamos envelopados por algo acolhedor que remete ao meio intrauterino. É nesse meio que se dá algo muito importante para a Psicomotricidade: a reeducação da respiração, melhorando a auto-percepção, o desempenho e o desenvolvimento motor. “Na água você não precisa de todos os aparatos que tem aqui fora, como cadeira de rodas e muletas e, no caso das pessoas em reabilitação, o trabalho na piscina melhora a autoestima e cria oportunidades prazerosas que só se tem naquele ambiente”, diz Cacilda.





Psicomotricidade pode ser aplicada do bebê ao idoso (sinapses cerebrais)

Cacilda Gonçalves Velasco destaca que o trabalho do Psicomotricista pode ser aplicado tanto no bebê quanto no idoso em estado terminal, pois é um estudo do homem enquanto ser vivo: “é uma ciência do ser humano, muito comentada na infância por causa das fases do desenvolvimento infantil”, explica. Podendo ser trabalhada em diferentes faixas etárias, a Psicomotricidade vai auxiliar o indivíduo para o resto da vida. “É muito útil no adolescente, porque ele é de turma, de gueto, precisa estar entre os iguais pra estar bem e dentro de casa não há ninguém igual a ele. É na turma que o adolescente adquire a identidade e o trabalho do Psicomotricista vai ajudar no processo de identidade visual, auto-estima e a trabalhar o temperamento que está sempre mudando”, conta Cacilda.
Entre adultos, o desenvolvimento emocional pode ser trabalhado para melhorar as relações na família e no trabalho, levando a um ganho em toda a sociedade e a uma melhor qualidade de vida. “O trabalho aí não é mais estimulando, mas resgatando o que ele viveu mal ou pouco na infância”, exemplifica Renata. Para o idoso, a Psicomotricidade auxilia a lidar com todos os processos de perdas pelas quais ele passa, sejam elas físicas, sensoriais, emocionais ou cognitivas, ajudando também a ganhar estima e conforto.


Como se tornar Psicomotricista?

Para se tornar um Psicomotricista é preciso fazer um curso de extensão ou especialização na área. Segundo a profissional da capital paulista, o campo acadêmico nesta área tem se aberto mais e mais cursos e interessados de áreas diferentes têm aparecido a cada ano, ajudando a profissão a se consolidar. “O público-alvo do Psicomotricista é muito abrangente e, com isso, podemos trabalhar dentro das escolas, das academias e até mesmo dentro das empresas”, conclui Cacilda.

Fonte: Juliana Crem
http://www.globalfitness.com.br/portal/?p=17911

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