quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

FALTA INCENTIVO PARA CRIANÇAS SUPERDOTADAS NO BRASIL

ALUNO COM "ALTAS HABILIDADES" REQUER EDUCAÇÃO ADEQUADA



Habilidades diferenciadas

Crianças excepcionais, que possuem capacidades acima da média, são pouco vistas como especiais no Brasil.
 Especialistas lamentam a falta de interesse por parte do governo, e acreditam que essas crianças podem mudar o Brasil

Leiam essa matéria escrita por  Katiúsca Pessoni e publicada no "Diário da Manhã", tratando da educação escolar dos alunos portadores de ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO".

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Trabalhar com alunos com altas habilidades requer, antes de tudo, derrubar dois mitos. Primeiramente esses estudantes, considerados pessoas com altas aptidões, não são gênios com capacidades raras em tudo, apenas apresentam mais facilidade do que a maioria em determinadas áreas. Em segundo lugar, o fato de eles terem raciocínio rápido, faz com que precisem de professores especializados, pois não existe grandes respaldos por parte da educação a esses jovens acima da média, que representam cerca de 3% a 6% da população brasileira.

“A educação dever ser tratada como um compromisso social, político e de todos para todos, devendo, portanto, ser inclusiva. Para isto, deve-se considerar a existência de diversos talentos no contexto escolar, que necessitam ser identificados e trabalhados para que se desenvolvam em sua plenitude. A pessoa com alta habilidade ou talentos, necessita de uma educação diferenciada e sistematizada para desenvolver seu potencial”. (prefácio do livro Talento e Ensino, do autor Wanderley Alves dos Santos)

Erundina Miguel Vieira, presidente da Associação Brasileira para Altas Habilidades/Superdotados - (ABAHSD), explica que o instituto não trabalha com testes para verificar se crianças são ou não superdotados, pois estes só podem ser aplicados por psicólogos especializados. “O que fazemos para saber se alunos de ensino médio têm uma capacidade maior de aprendizagem é utilizar um guia de observação em sala de aula. O período de ressalva se estende por um ano, logo depois, os alunos que se destacam recebem acompanhamento até o ingresso na Universidade”.

A presidente relata que não existe a palavra gênios para crianças que são acima da média. Segundo ela, deve-se ressaltar que esses alunos não são nenhum “Einstein”. “Normalmente são talentos distintos, onde uma se destaca através da arte, outra se sobressai em matemática e assim se diversificam”.


Falta de incentivos

Onde estão essas crianças? Questiona Erundina, ressaltando que a porcentagem desses alunos com habilidades especiais, na qual ela lembra que não são pessoas com deficiências mentais, que são chamadas assim, é relativamente grande. “São muitos superdotados por ai e eles também são pessoas especiais. São necessários mais professores habilitados. É preciso que Universidades se atentem a abrirem cursos superiores a esse tipo de aluno. O poder público precisa entrar mais nessas questões”.

“Falta um olhar significativo, aquele que enxerga realmente que existe uma criança especial ali”, expõe a diretora. Para ela esse primeiro olhar tem que ser do professor e logo após essa observação ser constatada, deve investir no que aquele aluno traz de talento.

“No nosso instituto existem parcerias que investem nesses alunos. Eles fazem trabalhos extracurriculares como aulas de alemão e grego, por exemplo. É nosso papel buscar instituições que possam nos ajudar com o futuro dessas crianças, para que possam desenvolver seus talentos. Eles podem ser o futuro do nosso país”.

Ela explica ainda que a questão não é só identificar o aluno como superdotado e passa-lo para séries mais avançadas. A diretora revela que intelectualmente, o estudante pode até ser capacitado para isso, mas existe o lado emocional e são vários os problemas que isso pode acarretar.

“O sistema acadêmico por vezes, não supre o interesse desses alunos. Muitos chegam a mim e falam que fazer os trabalhos escolares, por vezes, é chato e repetitivo”, lamenta. Erundina esclarece que no Brasil existe muita dificuldade, pois é impossível acompanhar tudo e todos. “Talento não se desperdiça, estimula-se”, diz a diretora parafraseando a fundadora da instituição. E completa afirmando que os professores precisam ter muito cuidado, mas que infelizmente não existe uma receita pronta e cada caso é um caso. “O nosso país não pode ser dar ao luxo de desperdiças talentos”, resume.


Constatando ser um superdotado

Segundo a psicóloga Adriane Cruvinel, para se constatar se uma pessoa é superdotada, o teste de QI não é o suficiente. “Além de testes psicológicos, como os de criatividade, existem sinais que possibilitam a identificação dessas crianças. Traços que elas apresentam acima da média em relação às demais que estão na mesma faixa etária. Isso só é possível observando o cotidiano de cada uma”, explica.

Adriane expõe que essas crianças não devem ser tratadas de forma diferente. O que deve ser feito, segundo ela, é dar condições para que esses garotos especiais se desenvolvam e que para isso, pode-se recorrer a atividades extra-classes, ou programas especializados.

Em relação às medidas que os pais devem tomar, quando descobrem ter um filho superdotado dentro de casa, a psicóloga diz que eles devem ficar atentos as necessidades dos filhos e o que eles possuem de especial. “O pai e a mãe tem que ter expectativas, mas não pode cobrar demais, nem forçar muito a barra”.

“Uma educação adequada pode ajudar muito. A escola tem que ver a melhor opção de sala e série para colocar a criança superdotada. Atentar as capacidades lúdicas de cada uma, suas aspirações culturais e esportivas”, lembra.

Além de todos os cuidados em relação à educação, a psicóloga lembra ainda que quando esses alunos se descobrem com capacidades avançadas, deve haver a procura por um profissional de apoio. Este deve estar preparado para desenvolver suas potencialidades, pois assim será possível evitar problemas futuros.


Fonte: http://dm.com.br/texto/84689-habilidades-diferenciadas

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